A voz do mar


Sophia, sempre Sophia a invadir-me os meus dias. Hoje, ao ler o conto Praia incluído nos seus «Contos Exemplares», encontro estas linhas tão em sintonia com o que por aqui escrevi ontem. É o mar, sempre o mar a invadir-me.

"Cá fora, mal passámos a porta que dava para a varanda, o grande sopro do mar cobriu-nos, rodeou-nos, invadiu-nos.
O nevoeiro tinha transfigurado tudo.
Agora só cheirava a mar. Um perfume apaixonado de algas escorria das árvores. Lua e estrelas não se viam. Nem os plátanos se viam. Só se viam muros brancos no nevoeiro branco. Tudo estava imóvel e suspenso.
Só a voz do mar se ouvia, espantosamente real, recriando-se incessantemente.
E parecia que os grandes, verdes e violentos espaços marinhos, como sendo o nosso próprio destino, nos chamavam."

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