Despojos do dia


Infância deveria sempre rimar com abundância. De afetos. De família. De dias cálidos e ensolarados. De brincadeiras sãs em ruas sem carros. De novos amigos. De simples milagres diários. De olhares limpos. Como o deste retrato, o jovem José Alberto Reis Pereira, pintado pelo pai, Julio, irmão de José Régio.

Nesta época do ano, tão avassaladora no seu vesgo consumismo, Sophia vem de novo ao meu encontro, recuperando uma outra publicação minha sobre como me libertar de materialismos supérfluos e sem sentidos.

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«Dai-me a casa vazia e simples onde a luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa e nua do que é frugal. Quero comer devagar e gravemente como aquele que sabe o contorno carnudo e o peso grave das coisas.
Não quero possuir a terra mas ser um com ela. Não quero possuir nem dominar porque quero ser: esta é a necessidade.
Com veemência e fúria defendo a fidelidade ao estar terrestre. O medo do ter perturba e paralisa e desvia em seus circuitos o estar, o viver, o ser. Dai-me a claridade daquilo que é exactamente o necessário. Dai-me a limpeza de que não haja lucro. Que a vida seja limpa de todo o luxo e de todo o lixo. Chegou o tempo da nova aliança com a vida.»

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