2029


Ano: 2029.

9 anos passados depois da grande pandemia, fazia-se o balanço daquela que tinha sido a década de ouro deste novo século.

Com os níveis de poluição a registarem valores baixos históricos desde a Revolução Industrial do século XIX, após todo o tecido empresarial mundial ter sido obrigado a tomar medidas ambientais rígidas e sustentáveis, o ar e a qualidade de vida melhoraram substancialmente.

As grandes cidades continuaram a ser os grandes centros sociais e económicos do planeta, mas a sua população foi reajustada e controlada. Agora, existem máximos populacionais consoante a sua dimensão geográfica e essa estratégia também se refletiu no turismo, com bons resultados a inverterem o fenómeno de overcrowding que estava a ser um dos seus maiores problemas e um dos maiores causadores da perda de qualidade de vida dos grandes destinos turísticos.

90 por cento dos veículos são agora elétricos e as grandes petrolíferas foram praticamente todas à falência, devido aos grandes impostos que entretanto lhes impuseram e à falta de procura que ao longo da década se foi rapidamente se registando.

Os transportes públicos foram também eles melhorados e a sua circulação aumentada. A semelhança do exemplo do Luxemburgo, todos eles se tornaram gratuitos, após se ter estudado um modelo global de auto-financiamento interno por parte de cada país que se revelou eficaz e auto-suficiente.

As cidades são agora obrigadas a criarem espaços verdes, com dimensões proporcionais às suas áreas geográficas, porque se confirmou que estes são essenciais ao bem estar social e psicológico dos seus habitantes.

A circulação automóvel dentro das cidades também ela foi reduzida drasticamente devido ao aumento da circulação dos transportes públicos, e mais ruas publicas e espaços de lazer foram criados, o que fez aumentar substancialmente a convivência social e fez também progredir o pequeno comércio.

As práticas desportivas e de lazer em espaços naturais sofreram um incremento exponencial e, como resultado, os espaços e territórios mais rurais viram aumentar as suas curvas demográficas. Através de planos de incentivos governamentais eficazes, as famílias começaram cada vez mais a fixarem-se no interior. O sucesso do método teletrabalho foi um dos fatores fundamentais nesta decisão e muitas empresas viram aí uma oportunidade de expansão territorial a baixo custo.

Os laboratórios de nível 4 são agora uma coisa do passado, após se ter chegado à conclusão de que eram demasiado perigosos para a saúde publica global. Foram todos transformados em institutos de investigação de vacinas, no seguimento de uma decisão histórica por parte da nova administração da OMS, após a anterior se ter demitido em bloco na sequência dos escândalos que vieram a lume no rescaldo das investigações pós Covid-19.

A natalidade a nível mundial também ela sofreu um aumento significativo, reforçando a velha máxima associada à passagem de grandes crises. Mas são os jovens que a atravessaram que estão agora a dar cartas, passados estes nove anos. Cientes de que uma nova crise global como a de 2020 seria catastrófico para o planeta, tornaram-se os seus paladinos, quer a nível ambiental, quer a nível politico, com muitos desta nova geração pós pandemia a ocuparem cargos autárquicos (que entretanto também foram reconhecidos como tão importantes como qualquer assento parlamentar, devido à sua posição na linha da frente das suas populações) e a defender medidas cada vez mais sustentáveis e socialmente responsáveis.

Vivem-se dias mais seguros e mais felizes. A qualidade de vida dos centros urbanos tornou-se uma prioridade. Porque é lá que as pessoas vivem. E as pessoas têm de ser felizes. Porque isso é um direito fundamental da sua existência. Tudo o resto vem por acréscimo.

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