Himorogi III

Sempre gostei de estar sob as padieiras das portas. Nem dentro, nem fora. Entre dois mundos. Dentro daquele retângulo de ouro, daquela forma geométrica perfeita. Portas e camas são lugares sagrados. As suas formas assemelham-se. São espaços de entradas e saídas. Onde a morte e a vida se encontram. Onde vidas são concebidas e extinguidas. É na intersecção da verticalidade da porta e da horizontalidade do leito que reside o cerne deste mistério. Onde contínuas hierofanias ocorrem e a questão ontológica da nossa existência ganha contornos físicos externos a cada ente humano. Façamos vigílias, então.

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