Estátuas de Sal

As memórias incómodas são seres estranhos, entranhados nas fissuras de quem fomos e de quem somos. São como figuras sem cara, sentadas num sofá anónimo de uma qualquer sala anódina.

Inertes. Mas sempre presentes. À espera de algo que as desperte daquela letargia intemporal. Marasmos leprosos. Estranham-se pelos sonhos adentro e maculam a vigência do restante dia.

Fantasmas, chamam-lhes. Animais de hábito. Animais de companhias indesejadas, chamo-lhes eu. Maus hábitos que devem ser tratados com indiferença, a bem de os perder. E à conta de tanta indiferença, transparecem em direção ao esquecimento.

Não olhar para trás é a melhor forma de não nos transformarmos em estátuas de sal.

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